Dia do Jovem Presbiteriano - 3° Domingo de Maio


O JOVEM PRESBITERIANO E A DEFESA DO EVANGELHO 

 “Nós que recebemos o evangelho da mão dos mártires não ousamos tratá-lo como ninharia, nem ousamos nos assentar ao lado de traidores que o negam, que pretensamente o amam, mas interiormente abominam cada palavra dele.” (Charles Spurgeon)

Defesa do Evangelho na Época dos Apóstolos
Uma das grandes necessidades da igreja do século XXI é batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. No versículo 3 de sua epístola, Judas alerta a igreja acerca dos lobos vorazes, que se introduziram com dissimulação no arraial de Cristo, a fim de destruírem o evangelho apostólico. Em meio a tais perturbadores, o povo de Deus é solenemente convocado a entrar no campo de batalha e lutar diligentemente pelo corpo de doutrinas que os apóstolos nos legaram.
Paulo e os outros apóstolos eram pregadores sérios e zelosos e jamais permitiriam que o conteúdo do Evangelho fosse corrompido.[1] Nas palavras de Lutero, “Paulo preferia ver um anjo caindo em desgraça do que ver o evangelho corrompido.”[2]
Obviamente, preservar o evangelho, nos três primeiros séculos da era cristã, não era tarefa fácil. Os césares eram profanos e odiavam a cruz de Cristo. Por conseguinte, os cristãos eram arrastados até as arenas e massacrados entre os gritos e risadas de uma multidão de apaixonados pelo genocídio lúdico. Preservar a fé era, portanto, um convite ao sofrimento e à morte (2 Tm 1.8).
A corrupção do Evangelho Apostólico
No entanto, no início do quarto século, o imperador Constantino se declarou cristão e, em 313 d. C., proclamou o Édito de Milão. Os cristãos foram integrados à sociedade romana e não demorou para que o cristianismo se tornasse a religião oficial do Estado: era o início da Igreja Católica Romana e o caminho para a perversão do evangelho apostólico.
As portas da igreja se abriram para homens mundanos e ambiciosos, o que possibilitou a falsificação geral da teologia e da ética do Novo Testamento. Por volta do final da Idade Média, o cristianismo já estava completamente fora dos padrões que os apóstolos deixaram.
Alguns movimentos de refor­ma começaram a aparecer. Homens como Pedro Valdo (1140-1218), João Wyclif (1328-1384), John Huss (1369-1415) e Jerônimo Savonarola( 1452-1498) estavam decididos a gritar contra os abusos da igreja e a guerrear em defesa da Verdade. Mas, infelizmente, foram repri­midos e maltratados com sangrentas perseguições.
A reforma: uma volta radical ao evangelho apostólico
Finalmente, a chama da reforma ardeu na Alemanha, sob a direção do monge agostiniano Martinho Lutero. Como resultado do estudo da Bíblia, Lutero entendeu a poderosa doutrina da Justificação pela Fé e encontrou descanso para sua alma. Indignado contra os abusos do Papa, em especial a venda das indulgências, escreveu 95 teses e as fixou na porta da Catedral de Wittenberg, no dia 31 outubro de 1517, o que resultou, posteriormente, em sua excomunhão. Lutero traduziu o Novo Testamento para a língua alemã e morreu aos 63 anos de idade; contudo, antes de partir, havia mudado a história.
Um segundo movimento de reforma estava acontecendo, desta feita na Suíça. Era o movimento reformado (calvinista). O primeiro líder foi Ulrico Zuínglio, em Zurique. Zuínglio rompeu com Roma e passou a batalhar pela fé que foi entregue aos santos. Em 1525 as missas foram abolidas da cidade e passou-se a celebrar a Ceia do Senhor. Com a morte precoce de Zuínglio, o movimento continuou sua marcha com o jovem João Calvino, convertido provavelmente em 1533.
De passagem por Genebra, Calvino foi desafiado por Guilherme Farel a permanecer na cidade. Extremamente comovido com as ameaças de Farel, Calvino concordou em trabalhar na reforma de Genebra. Por suas fortes convicções, em 1538, foi expulso. Mas, por insistência das autoridades, retornou a Genebra em 1541 e em 1559 fundou a “Academia de Genebra”.
Para Calvino, “o Evangelho não é uma doutrina de língua, mas sim de vida.”[3] Nas palavras de Knox, Calvino fez de Genebra “a mais perfeita escola de Cristo na terra desde os apóstolos”. Calvino morreu em 27 de maio 1564, aos 54 anos, mas antes de morrer mudou a história da Europa e de todo o mundo ocidental.
Na Inglaterra, a princípio, o movimento reformado foi suprimido. No governo de Maria Tudor (1553-1558), por exemplo, mais de trezentos crentes foram martirizados e expulsos da cidade, o que deu a ela o título de “Maria, a sanguinária”. A reforma só se desenvolveu graças ao contato que estes exilados tiveram com a verdadeira doutrina reformada em cidades como Genebra e Estrasburgo.
Com a morte de Maria, sua irmã Elisabeth (1559-1564) permitiu a volta dos exilados, os quais queriam libertar a igreja das "superstições papistas". Defendiam uma teologia apostólica e um governo verdadeiramente bíblico. Buscavam uma vida de disciplina e santidade diante de Deus, e, por isso, foram chamados de Puritanos. Os puritanos levavam a sério a defesa da Palavra e, com o lema “Soli Deo Gloria”, conclamaram a sua geração a viver para a glória de Deus.
Nessa época, foi convocada a famosa Assembleia de Westminster (1643-1649), reunião esta que elaborou uma série de documentos reformados para a Igreja da Inglaterra, dentre eles A Confissão de Fé Westminster e os Catecismos, que se tornaram os principais símbolos confessionais das Igrejas reformadas. Esse é o legado que chegou até nós a preço do sangue de milhares de mártires.
O Desafio do Jovem Presbiteriano no Século XXI
Hoje é como nos dias da Reforma. Estamos novamente em um período de total abuso e apostasia do Evangelho. Não há muita diferença entre o catolicismo medieval e as muitas igrejas neopentecostais, com a exceção de que a corrupção dos medievais se constituía na venda do paraíso celestial, e a dos pregadores da prosperidade, na venda do planeta terra.
Jovens! Precisamos ter coragem e determinação! Como disse John MacArthur, não devemos esquecer que “homens e mulheres pagaram com o próprio sangue o preço de nos transmitirem uma fé genuína.”[4] Devemos lembrar que somos Jovens Presbiterianos, herdeiros da Reforma e receptores da fé dos mártires. Portanto, não podemos ser covardes e traidores deste precioso tesouro.
Nosso lema é “Igreja Reformada sempre se reformando”. Mas, isso não significa a invenção de novas doutrinas ou de novos métodos pragmáticos para se alcançar uma geração de pecadores rebeldes. Significa, antes, a volta contínua ao Antigo Evangelho. Significa voltar àquela Verdade amada e defendida pelo apóstolo Paulo, por Agostinho, Lutero, Calvino, Knox e tantos outros. Se não fizermos isso, estaremos sendo traidores de nossa história, de nossa própria consciência e acima de tudo, do Nosso Deus.
Portanto, como dizia Charles Spurgeon, “nós que recebemos o evangelho da mão dos mártires jamais ousemos tratá-lo como ninharia, e nunca nos assentemos ao lado de traidores que o negam.”[5] E que o Senhor purifique sua igreja de todo falso ensino, e de todos os que são traidores no arraial de Cristo! E que jamais negociemos o conteúdo da fé que uma vez por todas foi entregue aos santos, mesmo que isso implique na destruição de nossa vida na terra.

[1] Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8).
[2] BRAY, Gerald, Comentário Bíblico da Reforma – Gálatas e Efésios, p. 74.
[3] João Calvino, As Institutas: edição Especial, Vol IV, p. 181.
[4] MacArthur, Com Vergonha do Evangelho, p. 43.
[5] MacArthur, Com Vergonha do Evangelho, p.41.


Fonte: http://www.ipbdeparauapebas.com.br/blog-noticias/68-o-jovem-presbiteriano-e-a-defesa-do-evengelho

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